segunda-feira, 13 de maio de 2013

Antiviral

"Antiviral" (2012) é o primeiro filme de Brandon Cronenberg, filho de David Cronenberg, um diretor conhecido por grandes filmes, entre eles "Videodrome" (1983), "A Mosca" (1986), "Senhores do Crime" (2007) e "Cosmopolis" (2012), as influências do pai em "Antiviral" estão bem claras. O filme se passa em um futuro próximo, onde o culto as celebridades chega ao extremo. Nesse cenário, existem empresas especializadas em vender doenças dessas celebridades, com o argumento de que o fã fique mais próximo da intimidade de seu ídolo a partir da enfermidade adquirida. Syd March (Caleb Landry Jones) trabalha em uma dessas firmas que tem como exclusividade a distribuição de doenças de Hannah Geist, uma das mais famosas celebridades da atualidade. Syd, além de seu emprego, faz por fora da empresa uma espécie de tráfico dos vírus, usando seu corpo como transporte dos mesmos. Quando injeta em seu corpo um vírus de Hannah, ele se vê em uma conspiração cheia de reviravoltas envolvendo as indústrias do comércio das doenças, além de ter que buscar a cura, afinal o vírus que contraiu é letal e está o levando à morte, assim como a portadora principal.
O roteiro é ousado e de início causa estranheza, a fotografia toda branca dá um ar de limpeza e contrasta com o vermelho do sangue, que é bem constante, aliás o protagonista agoniza praticamente o filme todo, impossível não se sentir desconfortável com sua situação. O ritmo é lento e do meio em diante tem aspecto de Thriller com muitas reviravoltas, mas contêm uma crítica contundente sobre esse universo de idolatria e empresas que lucram em cima daqueles que acreditam no que veem. Esse futuro não está tão distante do nosso presente, pois é comum observar pessoas fazendo loucuras por uma celebridade que é apontada pela mídia como perfeita, mesmo que ela não seja, acaba virando modelo padrão de beleza e comportamento, o senso comum desaparece e a pessoa esquece de si própria e deseja ser a celebridade, ou pelo menos tê-la em partes, como no caso do filme contraindo as doenças.
O fato é que a crítica tem comparado demais Brandon com o cultuado pai, o estilo de "Antiviral" está nos moldes dos filmes mais antigos de David Cronenberg, e sem dúvidas, Brandon merece respeito pelo seu trabalho, pois é um filme que perturba acima de tudo, nos faz pensar e mexe conosco. Em seu primeiro trabalho ele já demonstra que herdou os genes do pai e promete muito neste tipo de cinema. Em "Antiviral" temos uma sociedade doentia que cultua pessoas de plástico e não medem esforços para que de algum modo tenham uma parte delas em si, que é chamada de "comunhão biológica". Através de manipulação, por meio de uma máquina chamada console ReadyFace, os microrganismos são protegidos contra cópia ou pirataria e dessa forma conseguem remover os componentes que fazem com que doenças passem de uma pessoa para outra, tornando-as exclusivas para quem as adquire.

Syd faz parte do mercado negro de vírus de celebridades, só que ele deseja muito mais do que ser apenas um traficante de vírus. Ele inocula nele mesmo um pouco de cada amostra para também alcançar a comunhão biológica, até que sua sorte muda drasticamente: obcecado pela modelo alemã Hannah Geist, ele inocula o vírus dela em si mesmo antes de comercializar a amostra, para depois descobrir que a modelo morreu e que o vírus de Hannah pertence a uma sinistra conspiração que envolve disputas por territórios no mercado negro. Depois que ele contrai essa doença há várias sequências de excesso de sangue jorrados pela boca, é bem desconfortante, assim como as cenas onde mostra a carne sendo processada a partir de células de celebridades, que ainda é considerado um método grosseiro para o mercado. Syd está com os dias contados, adiando a sua morte com um antivírus, enquanto corre contra o tempo para entender a conspiração e encontrar o antídoto.

"Antiviral" é um filme que critica a sociedade e seus meios de consumo, a ambição pela estética, pela perfeição inexistente mostrada pela mídia, onde qualquer coisa é vendida com intuito de melhorar a aparência e conseguir um prolongamento da juventude. Para aqueles que idolatram alguma celebridade veja o quanto isso é doentio e sem sentido, é como se as pessoas precisassem vangloriar, tipo de um Deus, algo para ser maior do que elas mesmas. Ninguém precisa seguir um padrão fundamentado por alguma bobagem criada. Idolatria cega e destrói o ser humano. "Antiviral" é um filme altamente recomendado!

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